Ferramentas contribuem para acelerar o processo de diagnóstico, apoiando o trabalho de médicos e profissionais da saúde, além de, consequentemente, melhorar significativamente as perspectivas de tratamento e qualidade de vida dos pacientes, além de reduzir custos

O rápido desenvolvimento de tecnologias com base em IA e machine learning está remodelando o sistema de saúde em todo o mundo, especialmente no diagnóstico de doenças raras. Segundo a Organização Mundial da Saúde, há cerca de sete mil tipos de doenças consideradas raras, atingindo cerca de 300 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo 13 milhões só aqui no Brasil.

Com o apoio de Inteligência Artificial e de algoritmos preditivos, tem sido possível analisar um grande volume de dados em pouco tempo e, com base nestas informações, estimar ou mesmo prever riscos de saúde – grande parte das mortes ou agravamento do estado de saúde clínico de pacientes dessas doenças se deve à demora no diagnóstico, resultados imprecisos ou falta dele.

Então, essas ferramentas contribuem para acelerar o processo de diagnóstico, apoiando o trabalho de médicos e profissionais da saúde, além de, consequentemente, melhorar significativamente as perspectivas de tratamento e qualidade de vida dos pacientes, além de reduzir custos.

Pesquisas recentes, como o estudo divulgado pela revista Nature Medicine 1, destacam como algoritmos de IA podem identificar padrões sutis em dados médicos, levando a diagnósticos mais rápidos e precisos de doenças raras.

Um exemplo prático é o uso de Inteligência Artificial na análise de laudos e exames médicos, no qual algoritmos são capazes de analisar relatórios e imagens com uma precisão e rapidez que ultrapassam a capacidade humana, identificando anomalias que podem indicar uma doença rara. Esta capacidade de detecção precoce é crucial para iniciar o tratamento do paciente antes que a sua condição de saúde se agrave.

Outro exemplo é o uso de IA para analisar grandes conjuntos de dados genéticos. Neste contexto, os algoritmos são capazes de identificar padrões complexos e oferecer aos cientistas uma compreensão mais profunda das causas da doença. Isso não apenas ajuda no diagnóstico, como também no desenvolvimento de novos tratamentos.

Segundo a Artificial Intelligence Index Report, nos últimos cinco anos o setor privado investiu em todo o mundo US$ 28,9 bilhões (cerca de R$ 144 bilhões) em pesquisa e inovação com IA para medicina e saúde. No Brasil, a Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estão entre as que mais se dedicam a esse campo de pesquisa.

Além de apoio em diagnóstico, dados da consultoria Accenture no mercado de saúde americano projetam que a inteligência artificial pode proporcionar economia de US$ 150 bilhões (R$ 750 bilhões) ao ano até 2026 por meio da redução de variabilidade nas cirurgias, automação de processos administrativos e redução de fraudes e incidentes de segurança.

Embora o potencial da inteligência artificial seja inegável, ainda existem desafios significativos de infraestrutura e regulação em todo o mundo. Esta barreira destaca a importância de investimentos e políticas que promovam a integração da tecnologia na saúde. Com isso, poderemos garantir que todos os pacientes, independentemente de sua localização geográfica, tenham acesso equitativo a diagnósticos precisos e tratamentos eficazes.

Também é necessário a coparticipação entre profissionais de saúde, pesquisadores, profissionais de tecnologia e órgãos reguladores para garantir que os sistemas de IA sejam desenvolvidos e implementados de maneira responsável e moral.

É igualmente importante abordar questões éticas, como a privacidade dos dados médicos dos pacientes, com base na Lei Geral de Proteção de Dados. Como os algoritmos de inteligência artificial aprendem com os dados que recebem, devem ser cuidadosamente monitorados e regulamentados para garantir a confidencialidade e segurança das informações.

Em resumo, o encontro entre a saúde e a tecnologia tem muito potencial para revolucionar a forma como diagnosticamos e tratamos as doenças raras. Por este motivo, devemos promover a colaboração entre profissionais da saúde e especialistas em tecnologia para criar um futuro onde a IA seja uma ferramenta indispensável no enfrentamento de doenças raras, garantindo, também, a sua acessibilidade e equidade.

Fonte: Época Negócios | Reprodução 29/04/2024

 


Esses e outros assuntos relacionados serão debatidos na agenda abaixo:

XV Fórum Nacional de Políticas de Saúde no Brasil – Doenças Raras

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