O rastreamento do câncer de pulmão tem potencial de reduzir em até 20% a mortalidade pela doença e é defendido por médicos e associações de pacientes num país onde quase 30 mil pessoas morrem todos os anos pela doença, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Além da falta do rastreio como política pública, o caráter silencioso da doença, devido à ausência de sintomas nos estágios iniciais, é um dos motivos para que o câncer de pulmão seja diagnosticado mais tardiamente, o que contribui para a alta letalidade do tumor.
Para colaborar com a mudança desse cenário, a farmacêutica Roche renovou por mais um ano um programa de rastreio do câncer de pulmão com o Real Hospital Português (RHP), localizado no bairro de Paissandu, área central do Recife.
A parceria foi firmada em agosto de 2022 e, desde então, dados de quase 3 mil pacientes já foram analisados pelo programa, incluindo tomografias realizadas no próprio hospital desde 2019.
Com o uso de inteligência artificial, é realizada uma triagem. Dessa maneira, são rastreados, identificados e orientados os pacientes com indicação para entrar no programa.
Com o diagnóstico do câncer de pulmão, testes que revelam as alterações genéticas específicas daquele tumor permitem identificar os pacientes que podem se beneficiar de um tratamento mais personalizado. Isso aumenta as chances de cura ou dá, aos pacientes, a possibilidade de viver por mais tempo.
Esse diagnóstico preciso é decisivo, inclusive, no caso de não fumantes que apresentam o câncer de pulmão (em torno de 30% dos casos) e frequentemente têm tumor com características genéticas singulares.
“Estamos sempre em busca de atualizações e parcerias para oferecer o melhor serviço aos nossos pacientes e beneficiar o ecossistema como um todo”, diz o médico Petrúcio Sarmento, coordenador do Serviço de Cirurgia Torácica do Real Hospital Português.
O médico ressalta que a detecção precoce do câncer de pulmão é possível com a utilização da tomografia do tórax com baixa dose de radiação (TCBD), indicada para pessoas de alto risco.
Entre os pacientes que fizeram parte do programa de rastreio do câncer de pulmão, está a servidora pública aposentada Vitória Moura, de 73 anos.
Ela passava por exames de rotina quando uma tomografia chamou a atenção da equipe médica do Real Hospital Português.
A partir da análise pelo radiologista, o exame mostrava um nódulo potencialmente perigoso na região do pulmão. Foi recomendado que a paciente fizesse uma biópsia, mesmo que não tivesse quaisquer sintomas comuns da doença, como tosse com sangramento ou dor no peito.
Ex-fumante, a servidora pública aposentada fazia parte do grupo de risco para a doença, mais comum em pessoas com entre 50 e 80 anos, tabagistas ou que pararam de fumar nos últimos 15 anos.
Após o resultado da biópsia, Vitória foi contatada e acompanhada pela enfermeira navegadora do hospital, profissional de saúde responsável por fazer a ponte entre médico e paciente, que agendou uma nova consulta médica.
O especialista informou que o diagnóstico era de câncer de pulmão em estágio inicial, quando a doença ainda está localizada – e o tratamento tem maiores chances de ser curativo. Pouco tempo depois, passou por uma cirurgia para retirada do tumor e, atualmente, tem uma vida normal.
Desde o início do projeto, a Roche fornece apoio na capacitação de profissionais e promoção de conhecimento. Nesta próxima fase, a farmacêutica automatizará processos para ampliar a busca do grupo de risco e o número de pessoas beneficiadas pela iniciativa.
“O diagnóstico precoce é essencial para aumentar as taxas de controle do câncer, o que possibilita mais qualidade de vida para os pacientes”, ressalta a diretora médica da Roche Farma Brasil, Michelle França Fabiani.
“O cenário terapêutico do câncer de pulmão vem avançando. No entanto, maior tempo e qualidade de vida estão muito associados ao diagnóstico precoce, que só é possível com a criação de programas efetivos de rastreamento para a população de alto risco”, acrescenta.
Fonte: Jornal do Comércio